segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

#12: Presentes para a alma...

L.... Vermelha

(F.Z.)

Leve você levita
num vestido
que a veste
da beleza
invariável
de cada dia teu.

Vem e vai
com o vento
que se inventou
para ventilar o pensamento
de quem vê o vulto teu.

Sorri
com a força
da gravidade
gravíssima
que seduz quem ouve
o vinho e taça
tintos de tua voz.

Teu olho prolixo
delata sorrindo
a menina da tua feição
desposando a mulher
maldosamente escondida
na tua razão.

Preenchendo-se
explode em lava e libido
como um vulcão...
uma papoula
violenta e veloz
que entorpece
quem aspira
teu aroma.

E além de
tudo ama
e vultua
tua cabeça e alheias
venosas e vivas.
Tua alma tem o dom
de ser exata, perfeita, rubra...
sã e insana.

Revela uma guria rara
enquanto vela uma mulher paulistana.


O poema acima foi um presente de um amigo meu. Já faz muito tempo. Achei, guardadinho em uma caixa, junto com outras cartas, bilhetes de viagem, papéis de Sonho de Valsa...

Reler esse poema me fez lembrar do dia em que o recebi. Era uma manhã de sol, inverno - eu acho. Tudo o que lembro era desse papel, nas minhas mãos, um gramado emoldurando o papel branco, minha respiração presa e meus olhos, outrora rápidos e de uma capacidade de leitura veloz, saboreavam cada palavra, pois a sensação que eu tinha era que aquelas palavras iam se dissolver depois de uma vez lidas...

Era uma época em que eu não tinha a menor idéia do que eu era... de quem queria ser... e ler tudo aquilo fazia parecer que minha personalidade se moldava... Que aquelas palavras podiam ser absorvidas e eu podia realmente me transformar nessa personagem.

Esse poema foi um grande presente para a minha alma. Uma das coisas mais bonitas que eu tinha tido até então.

Reencontra-lo agora foi um segundo presente... e não poderia ter vindo em melhor hora!

Nenhum comentário:

Postar um comentário